.:Borboletas no estômago:.


"Não há como escapar à fome da alegria."
[Adélia Prado]
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Ela acordava já pronta para a vida. Prontíssima para a vida do planeta!  Da janela,gostava de ver o céu, quase sempre repleto de nuvens.

Saia em busca de flores. Gostava muito de surpreender à todos com buquezinhos coloridos, ao final do dia. Gosta, especialmente, da flor "beijo". Numa dessas manhãs, indo ao encontro de seu jardim, espantosamente, o canteiro de margaridas estava enfestado de margaridinhas. Uma visão incrível, que ela guarda até hoje na retina. Elas estavam tão lindas, possuíam cores tão definidas que, de repente, ela desejou ter em seu próprio corpo um jardim de margaridas. Foi aí que pensou que as borboletas que viviam em seu estômago iriam ficar muito mais felizes se pudessem passear em um jardim de margaridas. Não resistiu e devorou algumas flores. Sim, devorou. Devorou imaginando como estava lindo seu estômago com uma "chuva de pétalas" sobre borboletas coloridas. Deitou-se no meio do canteiro esperando nascer, perto de seu coração, um jardim com muitas flores para milhares de borboletas.